1 de jul. de 2009

É só o carteiro...


Sempre gostei de escrever cartas, o que nunca soube foi onde termina-las. Eram paginas e paginas para várias pessoas pelo Brasil e pelo mundo. Lembro como era excitante chegar em casa para encontrar um envelope com meu nome e endereço e correr para olhar o verso e ver quem se dera ao trabalho de me responder tão rápido. Porque era um trabalho; Hoje em dia as pessoas pegam seu email, encaminham algumas piadas e acham que estão em contato. Quando minha paixão por escrever começou era preciso realmente estar interessado na vida de alguém para se corresponder constantemente. Era preciso primeiramente escrever. Encher paginas rabiscadas até achar a formula certa para a missiva. Escolher um papel de carta de boa qualidade, decorado ou não e depois, de mão descansada, passar a limpo com carinho, pois letra ilegível é uma grosseria para o destinatário. Pronta a carta pode-se passar para o envelope, escreve-se o endereço com muita atenção e não esquecer de anotar o remetente no verso. Agora, mais um detalhe, é preciso selo e uma caixa de correio, mas eu nunca confiei em caixas de correio que ficam sozinhas na rua sem um guarda para cuidar da minha correspondência, portanto era preciso ir até uma agencia dos correios. E assim lá viajava a carta, para Curitiba, Rio de Janeiro, São Jose dos Campos, Salvador, Londres, Paris. E somente em pensar que minhas palavras caminhavam assim pelo mundo já era como uma aventura. Podia quase ver em minha mente a carta emocionada por atravessar o atlântico e seu tremor de emoção ao chegar à Londres em plena primavera quando sairá daqui com as folhas a se ruborizar. Mas talvez a emoção maior fosse receber a resposta, depois de dias ou semanas, e perceber que cada palavra minha havia sido lida com emoção e interesse.
Ainda escrevo da mesma maneira. Ainda escrevo e releio cada linha e “passo a limpo” antes de enviar o tão rápido e às vezes impessoal e-mail. Não abrevio as palavras e nunca uso essas expressões que a NET inventa para simplificar o que não deve ser simplificado. Penso que foram as cartas que me tornaram uma escritora, com sua constante exigência de tornar o dia a dia interessante para o leitor. Sou eternamente grata a elas e às pessoas que pacientemente liam minhas infindáveis missivas.
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3 comentários:

Muadiê Maria disse...

também adoro cartas. e emails.

Anônimo disse...

essas palavras se encaixariam perfeitamente em uma cena de filme, onde assitira com prazer, Com esse frio que esta fazendo. Cobertor, uma xiacara de chocolate quente...
Remeteria-nos a vasculhar nossa história contada através de cartas e versos escritos em papeis, diários, nada muito sofisticado.

Unknown disse...

as que que escrevi não sei onde foram parar porém as recebidas, permanecem arquivadas.
Até hoje, quando moro no sétimo andar e saio pouco, se raramente vejo um carteiro... sinto aquela emoçãozinha parecendo que vou receber uma carta. "Ninguém escreve ao coronel"...