10 de jul. de 2009

O Despertar (4° Parte)


O sol já tocava a linha do horizonte quando retornaram à aldeia e suas irmãs à esperavam já com suas tendas armadas perto do portão principal. Raramente as guerreiras aceitavam a hospitalidade dos moradores das cidadelas por onde passavam, isso gerava ciúmes desnecessários entre os moradores e as deixava mais lentas com todos os cuidados com que as cercavam. Estavam ali para lutar e terminada a missão voltariam para a estrada que as levaria para a próxima cidade. E a próxima.
Kália agradeceu Analice por ter sido sua guia e a mandou para casa, mas a meninas somente se afastou e se sentou à um canto, observando ainda.
“Vocês prepararam vigias para a noite?” Kália perguntou à suas irmãs de irmandade
“Claro que sim. Teremos homens postados a cada 100 metros por toda a muralha, mas sabe que só podemos contar com eles para dar o alarme, sabe eu tem mais medo do escuro que criancinhas. Teremos duas de nós nas torres da mansão e o resto esperando pelo alarme. E acho que é só. Agora temos que esperar.” Teresia era a mais velha, com 42 anos, e acompanhava Kália desde sua primeira missão. Nunca quisera liderar, mas era uma segunda em comando como nenhuma outra.
Kália somente acenou concordando com Teresia e foi para sua tenda descansar. Tinha poucas horas para repor a energia gasta na longa viagem. Hoje provavelmente lutariam e teria que matar novamente. Os anos, os últimos 15, foram uma longa sucessão de batalhas, lagrimas, exaustão e morte. Às vezes somente desejava uma primavera de paz no castelo da irmandade, mas a humanidade parecia nunca se cansar de fazer a guerra, mesmo quando uma quase destruíra o mundo.
O colchonete fino sobre o chão duro não era confortável, mas Kália estava acostumada com toda sorte de desconforto. O sono veio como sempre cheio de presságios. Era como se fosse uma pré batalha, um preview do que se seguiria logo mais. Não havia paz para Kália, nem durante o sono.
Analice, sentada bem encostada na tenda, ouvia os murmúrios de Kália durante o sono. Pobre guerreira, mas velaria seu sono, pediria aos Deuses que dessem descanso ao corpo e paz à mente daquela que viera para velar por suas vidas.
A lua surgiu no céu, alva e brilhante e ao longe se podiam ouvir gritos e o ronco de motores possantes.
Continua...
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