6 de nov. de 2010

A good day


O motor ronca macio enquanto navego pelas ruas. Parece ser aquela hora onde todos resolvem que é tempo de se preparar para a noite, mas ainda é dia, o sol ainda se põem e a brisa suave entra pela janela trazendo a garoa fina e mais que agradável. Acabei de deixá-lo em casa. Mais uma tarde de risadas, companheirismo e uma amizade que parece, quase como um milagre, se tornar ainda mais solida, como se o tempo nos tornasse gêmeos e a ponte de pouco mais de um ano já não existisse. Outro bom dia. Estendo a sensação de satisfação ao máximo, dias bons devem ser bem vividos da maneira certa, respirados calmamente e ingeridos com aquele satisfação que somente um prato bem preparado produz. E assim vago pelas ruas que amo sem destino, saboreando as ruas vazias, ouvindo as musicas que gosto, cantando com elas, respirando o sábado com alivio. Logo, espero que logo, todos dias serão assim, dias vividos com prazer. Enquanto isso acelero suavemente e rio sozinha, o sol pode ter se escondido, mas ele ainda brilha dentro de mim.

5 de nov. de 2010


Foi o cheiro da chuva no asfalto que me levou à janela. Não foi o vento, nem mesmo os relâmpagos que amo, nem minha alma agitada que parece não caber em meu peito. Foi o cheio a chuva no asfalto. Não é tão bom quanto a terra recém molhada, mas é quase tão bom. É o fim perfeito para o dia imperfeito. Abro a janela e respiro os pingos ainda gentis até que me vejo coberta por essa fina camada de chuva que refresca minha pele e acalma minha mente que ameaçava uma insônia rancorosa. O vento se apressa, sabe lá onde vai, parece correr dando voltas, jogando o que vê pelo caminho para o ar. As gotas agora são grávidas, pesadas e brincalhonas. Batem no vidro tentando acordar quem esteja dormindo, perseguem os que andam pelas ruas com suas risadas de fadas madrinhas e pipocam pela rua ainda quente pelo dia de sol fazendo com que suba até mim o cheiro da chuva no asfalto. Posso dormir agora, o que me incomodava foi lavado de mim, varrido pelo vento e jogado em algum canto do mundo onde não mais me perturba. Só o que resta são as noticias boas, os planos para o futuro e uma ansiedade sadia que nada tem a ver com preocupação, mas sim com antecipação. E tudo porque senti o cheiro da chuva n asfalto. Somente pelo cheiro da chuva no asfalto.