28 de set. de 2009

Headache


Às vezes uma boa dor de cabeça é bem vinda. Nos esquecemos com freqüência o que realmente importa na vida. Não é muito na verdade. Um corpo em bom funcionamento, um emprego que supra suas necessidades e frivolidades, uma família para dividir os bons e maus momentos, amigos confiáveis para varias ocasiões, internet rápida e celular sem problemas de sinal. Básico. Perfeito. Quando uma dessas pernas quebra, ou torce um nervo, percebemos o quanto dependemos de pequenas coisas para uma vida sossegada e feliz, mas ao mesmo tempo lidamos muito melhor com os pequenos percalços da vida do que aqueles que tem poder financeiro ilimitado. Aceitamos os reveses com suspiros de resignação sabendo que fazem parte da vida imperfeita que levamos nessa pelota gigante. Viver micro gerenciando sua vida somente faz com que aquela dor de cabeça, que quando não freqüente é bem vinda para lembrar que temos um apetrecho acima do pescoço, seja maldosa e espantosamente freqüente. A vida é para ser vivida ao máximo, sim, mas não se prendendo à detalhes que se deixados mais ao acaso se resolvem por si mesmos. Maturidade não vem com conhecimento, vem com a certeza de que certas coisas nunca mudarão, a certeza de que seres humanos são imperfeitos e completamente falhos quando constantemente sob pressão, a certeza de que mais dia menos dia todos nós percebemos que erramos e muitas vezes é tarde demais para se concertar o que foi quebrado, a certeza de que o amor somente é infinito quando laços de sangue nos unem àqueles que nos irritam, a certeza de que nem sempre se é possível ganhar, mas sempre é possível fazer parte do jogo. Portanto, ao tomar aquela aspirina agradeça a sua dor de cabeça, pense que o que o levou a ela não deve ser considerado negativo, mas javascript:void(0)somente parte do jogo.
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21 de set. de 2009

Connected


A tecnologia me fascina. Por si só vale a pena viver neste século. Tudo tão ao alcance de nossas mãos, tudo tão perfeitamente interligado. Em um passado não muito distante éramos escravos das filas nos bancos, das idas freqüentes ao correio ou às caixas de correio que pontuavam às esquinas, das buscas cansativas por produtos que nunca eram bem o que queríamos, das pesquisas incompletas por falta de material apropriado, das linhas telefônicas tão caras que eram alugadas à preço de ouro, da TV com meia dúzia de canais meia-boca. E isso não é nem mesmo a metade dos grilhões que nos prendiam há não muito tempo atrás. Hoje não é preciso sair de casa para nada, para muitos felizardos nem mesmo para trabalhar. Um laptop, uma impressora multifuncional, internet rápida, uma linha telefônica e se está em contato com o mundo. Aqueles de nós, quarentões, que se deixaram conquistar pelo mundo moderno vivem hoje no mundo das maravilhas, pois sabemos o quanto era difícil o antes. Antes do computador portátil, antes do celular e do email, antes dos 100 canais pagos com uma porcaria um pouco melhor do que as dos canais abertos. Sabemos, olhando para nossa infância, que nenhum jovem nascido nestes tempos maravilhosos tem a verdadeira noção de sua sorte. Nunca viver foi tão fácil. O mundo está repleto de maravilhas e podemos contemplá-las sem muito esforço. Gosto de abrir minha janela e contemplar a lua para me recordar o quão pequenos somos. Gosto de abrir meu browser e perceber que apesar de pequena faço parte deste mundo imenso.
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17 de set. de 2009

Crack crack...


A casa se ajeita para a noite. Como uma velha cansada se senta com cuidado em sua fundação, rangendo e tremendo até encontrar a posição certa para o descanso merecido. Tabuas estalam sob os pés dos fantasmas de nossos passos. Um suspiro. É noite. Nada mais de businas cansadas à porta, nada mais gritos pela rua, até mesmo os pássaros, ocupando recantos do telhado, escondem suas cabeças sob as asas e esquecem que existira amanhã. Dentro a luz é suave e própria, os cômodos estão frescos, talvez até um pouco frios, mas as mantas e cobertores cobrem aqueles que nela se abrigam. Não é uma má casa, nem mesmo uma triste casa. É somente uma casa cansada pelo tempo e pelas crises que presenciou. Me bate uma gratidão repentina pela construção agora cheia de problemas, que num mês de primavera, tantos anos atrás, deu abrigo para meu corpo cansado, minha mente febril e meus medos justificados. Me ajeito em seu útero pensando que sim, sou grata pelo teto que está rachado e pelas tabuas que rangem noite adentro. Velha e cansada. E segura. Ainda.
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8 de set. de 2009

46 e contando.


Mais um ano se passou. Tanto mudou e eu pareço ter permanecido a mesma. As horas passaram e finalmente meus 46 anos chegaram. Sou mais eu? Menos? Acho que simplesmente meu eu se torna cada vez mais certo do que é, mais feliz em permanecer sem mudanças, mais perfeito em toda sua imperfeição. Amigos desejam felicidades em todas os canais possíveis e dizem coisas que me aquecem o coração. Nem mesmo o dilúvio lá fora tira minha serenidade, talvez teste minha paciência, mas não me faz perder aquele pensamento que veio com o amanhecer. “Mais um ano. Um melhor ano.” E não tenho do que reclamar, apesar dos tropeços e preocupações do caminho, das perdas que me deixaram o coração em pedaços, das traições que despedaçaram minhas ilusões, apesar de tudo, foi um ano que me trouxe mais sabedoria e uma imensidão de novas idéias que precisam somente ser arejadas para saíram à luz e ganharem o mundo. Sou, hoje, com meus 46 anos completos, feliz em saber que existem tantos que se importam com essa pessoa estranha que me tornei, esse ser que ri e chora e sabe que nada no mundo é certo alem do amor daqueles que soube conquistar.
Obrigada a todos vocês.
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