11 de mar. de 2008

Closed Eyes

Fecho os olhos em busca de inspiração. Por trás de minhas pálpebras fechadas sinto a pagina em branco brilhando, me esperando, me desafiando. Continuo de olhos fechados buscando por sons, tentando achar aquele que me dirá algo mais alem do obvio. Escuto o sussurrar da TV de minha mãe no quarto ao lado, o girar macio e refrescante de meu ventilador, o exaustor do laptop sempre incansável, o bater ritmado da musica eletrônica na academia atrás de casa. Quase posso ver, de tanto ter visto, a dezena de pessoas nas esteiras, o chiar das esteiras é obvio, no andar recém construído que fica de viés com minha janela. Vozes masculinas anunciam “AIKIDO”, em um brado que já estou acostumada, vindo da sala de aula no primeiro andar. No repentino silencio que se segue escuto a respiração cheia de calor de minha companheira peluda que dorme ao meu lado. No silencio lembro daqueles meus companheiros que se foram e me fazem tanta falta, quero ouvir suas respirações também e escutar seus latidos pedindo atenção, mas isso é passado.
Fecho os olhos em busca de algo que não sei o que é, aquele algo que é a diferença entre duelar com a pagina em branco ou bailar com ela. Nem sempre sei o que vai sair, acho que nunca o sei, mas tento ser honesta com a pagina para que ela sempre me receba bem. Uma folha em branco pode ser um desafio ou uma libertação e muitas vezes os dois e aprendi a não forçar a mão em algo que a pagina não quer ver escrita em sua alvura.
Abro os olhos e vejo tudo que amo à minha frente. Meu laptop aberto em sua mesinha portátil sobre minhas pernas esticadas sobre meu edredom favorito que cobre minha cama. A TV, muda, no canal de Mangas, meud DVDs preferidos em seu suporte, meus livros em suas estantes, meus companheiros peludos entrando e saindo do quarto em seus passeios noturnos, os incógnitos em suas esteiras alem de minha janela entre as cortinas quadriculadas de brando e azul, o ventilador amigo em seu bailado constante, os animais de pelúcia, as bolas de New York, as caixas de presente que viraram decoração, meus trecos mais queridos estrategicamente enfiados entre tudo que mais gosto.
Abro os olhos para descobrir que quem quiser me conhecer somente precisa sentar onde estou e olhar em volta.
Fecho os olhos novamente, não para buscar algo, mas somente para apreciar mais esse momento simples que me enche de contentamento.

Um comentário:

Anônimo disse...

aprendi a gostar e dar valor a tudo que tenho e descartar o superfluo. Roupas, livros e tanto mais que acabei me apegando demais em conservar e amar tudo que tenho. Desde o primeiro livro que li de 92 - Borboleta Atiria, faz-me companhia quando tudo que me interessa é viver a meu modo; não há nada melhor.

Abraços, Saude e PAz