
Enair podia estar sendo sincera dizendo que prezava sua segurança, mas uma guerreira está acostumada a encarar com seus próprios olhos o perigo e ficar sentada esperando que outros decidissem seu destino não era do seu agrado.
Anya era uma boa alpinista a fachada rugosa de um castelo não a assustava. Abriu a janela com certa dificuldade, parecia estar fechada a dois séculos e meio pelo menos, e sentou no beiral com as pernas para fora planejando o caminho que seguiria parede abaixo. Descer não foi um grande problema. Havia apoio suficiente no encaixe entre as grandes pedras, mas o vento quase a derrubou uma boa meia dúzia de vezes, sem contar que a cada segundo seus movimentos ficavam mais limitados de tão enregelada se encontrava.
Quando o solo já se encontrava encantadoramente próximo ela notou as sombras escuras que rondavam o pátio abaixo. Talvez se elas a tivessem notada teriam sido obvias, mas eram como animais silenciosos e atordoados que caminhavam sem cessar de um lado para outro perdidos em um circulo vicioso que só fazia sentido para suas almas mortas.
Anya continuou sua descida com mais cuidado e tão logo tocou o chão se esgueirou para um canto coberto de hera. No seu canto escuro esperou seus olhos se ajustarem a escuridão e seus sentidos despertarem para a noite. Eram mulheres o que ela tomara por animais. Muito provavelmente as guerreiras que deveriam povoar este castelo, mas ela não as sentia conscientes de sua humanidade, continuavam a lhe enviar vibrações animais e ausência de sentimentos coerentes.
Agora, assim próxima à elas, podia ouvir rosnados baixos e se lembrou dos mutantes sempre presentes nos vilarejos afastados. Os seres disformes de mente ou corpo que ainda carregavam as escaras da guerra já esquecida por muitos. Mutantes. Todas elas. E parecia que agora a farejavam.
Os rosnados se tornaram uivos, as sombras sob os capuzes se transformaram em rostos lupinos e isentos de lucidez. Anya estava encurralada.
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