28 de mar. de 2008

A Alma Imoral

Fiquei feliz por ter ficado. Fiquei mais pelos amigos, menos pelo espetáculo, mas certas noites as estrelas estão no lugar certo, você segue seus instintos, deixa o cansaço de lado e algo muito bom acontece. “A Alma Imoral” foi meu ponto de exclamação para uma época de descobertas. Foi a confirmação de que minha insanidade é pura e perfeita e que não se deve fugir do que parece tão certo para sua alma. Imoral.
Nunca fui convencional, talvez por agir tão intuitivamente. Até mesmo meus erros, os grandes e pequenos, me levaram a lugares melhores, não materialmente, mas pelo menos me levando a ser a pessoa que sou e da qual, insanamente, tenho orgulho. Se errei para fazer o que era certo ou se acertei fazendo o errado eu não sei, mas de certa maneira depois dessa peça tenho mais fé no ser humano. Fico feliz de saber que existem mais pessoas despreocupadas com os dogmas, o moralismo e as regras impostas por séculos. Fico aliviada de perceber que outros sabem que nem tudo é certo e que deixar de errar é o pior que se pode acontecer, pois significa nunca mais aprender.
Ver o corpo nu andando pelo palco entre pregas de tecido negro é libertador, porque o que vejo realmente é uma alma livre dando seu recado àqueles presos à tantas pequenas coisas que os ancoram firmemente à uma moralidade estúpida e vazia.
Depois de hoje os dedos acusatórios me parecem ainda menos assustadores. Se antes eu dava de ombros e seguia, um pouco insegura, mas convicta de que minha insanidade era saudável, agora eu rio com a certeza de que não quero ser nada mais do que insana.
A peça é uma adaptação do livro homônimo de Nilton Bonder e Clarice Niskier nos brinda com boa hora e meia de perolas nuas e cruas que te levam do espanto do reconhecimento ao riso de puro contentamento. Sinto-me eternamente em debito com está mulher madura e de pele translúcida que apagou sua nudez com a absoluta beleza de suas palavras.
“A Alma Imoral” teve uma única apresentação no Centro da Cultura Judaica, onde esta que vos fala tem a honra de bater ponto das 9 e pouco da manhã até sabe Deus que horas da noite, mas procurem se informar dos horários que será apresentada no teatro da Livraria Cultura. Vale a pena. Podem muito bem descobri uma ou duas coisinhas que mudarão seu modo de olhar para o mundo, se é que um dia realmente o enxergaram.

2 comentários:

Anônimo disse...

Excetuando os rabinos mais ortodoxos, essa peça-livro, ou livro-peça, relaxou todo mundo, afastando o casamento como sacramento! A relação há de ser sadia! E aqui no rio ela foi produzida e dirigida pelo SAmir Haddad, muçulmano. Mostra que somos todos humanos mesmo, nem adianta!!! A Traição revigora a tradição!

Unknown disse...

oi
amei seu blog e estou te seguindo da uma passadinha no meu e se gostar me segue
bjs
http://wwwparedescolloridas.blogspot.com/