Ela entra faceira. Boina branca, cabelo curto e bem tingido de um louro escuro, vestido clássico, casado comprido de tweed rosado, luvas negras de couro, sapatos confortáveis de salto grosso, elegantemente altos. Para mim ela não tinha idade. E nem o mundo. Poderia ser Paris nos anos 50, talvez Florença nos anos 40. Ela fora bela, extremamente bela. Estava escrito no sorriso gentil e seguro, no andar ondulante apesar de cuidadoso, no corte de suas roupas e na maquiagem leve no rosto levemente enrugado. 60 ou 70 anos? Talvez, mas para mim parecia uma ninfa em um bosque, uma dama da corte percorrendo os jardins de Versailles. Certas pessoas tem esta sorte, de serem extremamente interessantes não importando o quanto envelheçam, mantendo seu “it” vivo. Eterno. Estes personagens inspiram mais do que algumas palavras em um blog, fazem com que almejemos a mesma serenidade e sabedoria tão impressas naquele rosto majestoso. Falta pouco para meus 46 anos, uma dupla de meses e uns dias, e eu não ligo para a idade que chega, mas espero, oh eu realmente espero, que daqui a 30 anos alguém me olhe como a olhei hoje.
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Olá Drª Andréia. (Drª de contos)
Estava hoje na aula de composição e projeto, estudando sobre percepções e texturas, e agora lendo esse teu conto e tantos outros como faço quando tenho tempo, vejo isso neles. Eles são alimentos para a alma, mas muito antes disto despertam todos os sentidos. Você tem voz, e alma e coloca tudo isso em algumas linhas que fazem para mim, algo formidável. Parabens e obrigado!
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