
30 de mar. de 2008
Romeu

28 de mar. de 2008
A Alma Imoral

Nunca fui convencional, talvez por agir tão intuitivamente. Até mesmo meus erros, os grandes e pequenos, me levaram a lugares melhores, não materialmente, mas pelo menos me levando a ser a pessoa que sou e da qual, insanamente, tenho orgulho. Se errei para fazer o que era certo ou se acertei fazendo o errado eu não sei, mas de certa maneira depois dessa peça tenho mais fé no ser humano. Fico feliz de saber que existem mais pessoas despreocupadas com os dogmas, o moralismo e as regras impostas por séculos. Fico aliviada de perceber que outros sabem que nem tudo é certo e que deixar de errar é o pior que se pode acontecer, pois significa nunca mais aprender.
Ver o corpo nu andando pelo palco entre pregas de tecido negro é libertador, porque o que vejo realmente é uma alma livre dando seu recado àqueles presos à tantas pequenas coisas que os ancoram firmemente à uma moralidade estúpida e vazia.
Depois de hoje os dedos acusatórios me parecem ainda menos assustadores. Se antes eu dava de ombros e seguia, um pouco insegura, mas convicta de que minha insanidade era saudável, agora eu rio com a certeza de que não quero ser nada mais do que insana.
A peça é uma adaptação do livro homônimo de Nilton Bonder e Clarice Niskier nos brinda com boa hora e meia de perolas nuas e cruas que te levam do espanto do reconhecimento ao riso de puro contentamento. Sinto-me eternamente em debito com está mulher madura e de pele translúcida que apagou sua nudez com a absoluta beleza de suas palavras.
“A Alma Imoral” teve uma única apresentação no Centro da Cultura Judaica, onde esta que vos fala tem a honra de bater ponto das 9 e pouco da manhã até sabe Deus que horas da noite, mas procurem se informar dos horários que será apresentada no teatro da Livraria Cultura. Vale a pena. Podem muito bem descobri uma ou duas coisinhas que mudarão seu modo de olhar para o mundo, se é que um dia realmente o enxergaram.
24 de mar. de 2008
Tidbits - Cantoras





22 de mar. de 2008
The wheel is turning, but the hamster is dead.

O mundo está ficando extremamente sem graça. Não só existe toda essa mania do politicamente correto levada a décima potencia como as pessoas estão insuportavelmente burras. Ninguém mais entende o humor sardônico e malicioso, todos somente entendem a graça, dúbia, do rapaz transando com a torta ou da garota absolutamente estúpida e loira, não há mais humor com cérebro. Talvez seja por isso que eu aproveite tanto as tardes com mano Urso onde muitas vezes parecemos mais estar duelando do que conversando. De quem será a próxima frase perfeita? Quem fará a próxima conexão brilhante? É como usar espadas feitas de letras e escudos de risadas. Podemos falar por horas a fio, seja seriamente ou não, e nunca nos cansar, nunca ficarmos sem assunto. Lá fora, no mundo tão vasto e já sem sentido para mim, tenho dificuldade em achar alguém que possa ler as entrelinhas, sempre mais divertidas e cheias de sentido que as suas companheiras. Parece que ninguém mais enxerga alem do obvio, talvez seja esse o motivo do sucesso dos reality shows e das comedias adolescentes americanas. Acho que a ignorância me assusta mais que a violência, afinal eu sempre posso ir morar no fim do mundo no alto de uma montanha, mas pensar que um dia não haverá uma palavra que se preste sendo dita... isso me deixa completamente apavorada.
19 de mar. de 2008
uhm?
18 de mar. de 2008
Please, do! Please, don't!

17 de mar. de 2008
Para que perfeição?

11 de mar. de 2008
Closed Eyes

Fecho os olhos em busca de algo que não sei o que é, aquele algo que é a diferença entre duelar com a pagina em branco ou bailar com ela. Nem sempre sei o que vai sair, acho que nunca o sei, mas tento ser honesta com a pagina para que ela sempre me receba bem. Uma folha em branco pode ser um desafio ou uma libertação e muitas vezes os dois e aprendi a não forçar a mão em algo que a pagina não quer ver escrita em sua alvura.
Abro os olhos e vejo tudo que amo à minha frente. Meu laptop aberto em sua mesinha portátil sobre minhas pernas esticadas sobre meu edredom favorito que cobre minha cama. A TV, muda, no canal de Mangas, meud DVDs preferidos em seu suporte, meus livros em suas estantes, meus companheiros peludos entrando e saindo do quarto em seus passeios noturnos, os incógnitos em suas esteiras alem de minha janela entre as cortinas quadriculadas de brando e azul, o ventilador amigo em seu bailado constante, os animais de pelúcia, as bolas de New York, as caixas de presente que viraram decoração, meus trecos mais queridos estrategicamente enfiados entre tudo que mais gosto.
Abro os olhos para descobrir que quem quiser me conhecer somente precisa sentar onde estou e olhar em volta.
Fecho os olhos novamente, não para buscar algo, mas somente para apreciar mais esse momento simples que me enche de contentamento.
10 de mar. de 2008
Tidbits

Adoro aqueles desenhos japoneses de heróis, vampiros e afins. Os tais Manga. Tenho o canal Animax e quando tudo parece muito chato na TV me mudo para lá me divertindo com a sexualidade exagerada, as roupas futuristas, os olhos grandes e a mitologia toda. Para mim os cabelos são um show à parte, nem tanto os das meninas, mas sim dos garotos. São tão estruturados e maravilhosamente absurdos. Completamente absurdos.
Entro no metrô e me sento com meu livro já aberto. Levanto os olhos automaticamente na próxima parada para scanear a multidão que entra e o vejo. Oriental, extremamente bonito, alto, olhos amendoados vindos de alguma mistura de sangue. E os cabelos... Ahhhh, os cabelos. Talvez tenha levado dias até atingir a perfeição. Mechas de negro lustroso quase azuladas em pé em todas direções, mas harmoniosamente. Lindo! Fiquei esperando que tirasse uma espada de sua mochila ou que falasse um daqueles diálogos que mal entendo. Fiquei fascinada. Não pude tirar os olhos dele. Daqueles cabelos. Ele se foi uma estação antes da minha e só então eu percebi que sorria. Meu primeiro Manga em carne e osso!
Sinopses sempre me ajudaram a escolher filmes. Me davam o tom, o tema e a quantidade de sangue que eu veria (nunca neguei ser sanguinária). Hoje em dia não sei quem as escreve, mas imagino que beba muito e fume um baseado atrás do outro. As sinopses se tornaram uma breve declaração de intenção. O filme deveria ser assim, pela mente dopada do sinopcista (inventei a palavra agora?), e até admiro o dopado filho da puta que me engana, pois sua visão é sempre melhor do que o filme, mas se eu colocar a mão em algum deles com certeza o encherei de porrada.
9 de mar. de 2008
DVDs



Columbo, tenente da homicídios, é um dos seriados mais divertidos para mim. O episodio sempre começa com o assassinato. Sabemos quem é o assassino, porque o fez, como matou e como cobriu seus rastros. A próxima cena nos mostra a cena do crime já tomada pela policia e logo chega nosso querido Columbo, charuto barato na mão, olhos remelentos, roupa amassada e sempre faminto. Na primeira entrevista com o assassino ele instintivamente o reconhece e estão vemos uma corrida entre o gato e o rato, mas sabemos que Columbo nunca larga o osso antes de roelo. Mano Urso diz que Columbo é um sádico que persegue o assassino impiedosamente se fingindo de bobo e saindo e retornando sem aviso quando o outro começa a se sentir seguro. Ele tem razão. Adoravelmente e encantadoramente sádico é um dos detetives de meu coração.
Dating Game

Em minha adolescência eu tinha uma amiga que me contava a mesma historia a cada vez que arrumava um novo amor. Ela fazia todos os movimentos certos, seduzia, molhava os lábios, batia os cílios e acho que até enrubescia a seu bel prazer e quando era beijada sempre se mostrava surpresa e perguntava “Oh, porque fez isso?” Como se não fosse isso o que esperava. Eu nunca entendi essa necessidade de enfeitar tanto, mas parece que esse era seu truque, se funcionava eu não sei, mas posso dizer que os novos namorados dela sempre pareciam confusos.
Outra coisa que nunca entendi é a regra do sexo somente depois do terceiro encontro. Não estão todos os envolvidos cientes disso? Sendo assim faz alguma diferença quando você satisfará o desejo do rapaz? Homens não te convidam para sair pela primeira vez porque você os diverte ou pela sua capacidade cerebral ou porque torcem pelo mesmo time. Homens te convidam para sair porque querem transar e se você tiver sorte ele, ao fim da noite, da primeira, terceira ou décima, ele vai querer mais do que isso e muitas e muitas vezes.
Não se pode culpar nossos queridos espécimes masculinos, afinal se as saias estão cada dias mais curtas, as calças cada vez mais baixas e os decotes cada vez mais reveladores é exatamente para exalta-los sexualmente. Eles sabem. Vocês sabem. Todos sabem. Portanto para que tantas regras e truques?
Ouço no ônibus e metrô, todos os dias, ambos os lados da mesma historia. Infelizmente ninguém confessa sua completa ignorância sobre o que estão procurando ou, aqueles que conseguiram encontrar, onde foi que acertaram. Talvez se fossemos mais honestos com nós mesmos não seriam necessárias tantas regras e muito menos tantos truques, porque às vezes o que precisamos mesmo é somente um corpo que desejamos, uma mão ansiosa correndo pela nossa pele e uma boca ardente que nos leve à loucura.
O processo que nos leva da paixão para o esquecimento ou ao amor é o mesmo. Precisa-se arriscar, mas se estiver sempre jogando, atirando para todos os lados como um pistoleiro bêbado, nunca vai ver os sinais, porque eles estão ai para quem quiser ver. No primeiro encontro ou no quinto, com bater de cílios ou cantada explicita, se essa for a tampa da sua panela tudo ficará bem.
5 de mar. de 2008
Tidbits

“Senhor! Sua moeda...” E ele a pega com uma cara mais que surpresa por eu não só ter me abaixado para recolher a moeda como a devolvida em sua plenitude de 10 centavos. “Moça! Moça! Seu lenço.” Eu corro os dez passos que nos separam na calçada esburacada para entregar o belo lenço de seda que escorregara de sua bolsa, parecia um daqueles lenços para se amarrar na bolsa ou charmosamente nos cabelos. Eu ponho minha mão no seu ombro e ela me olha espantada e depois absolutamente surpresa por eu lhe pôr o lenço nas mãos. Ouvi uma meia dúzia de obrigadas e parti ouvindo ela e sua companheira comentando meu ato tão natural para mim.
O que há com o mundo? Será tão estranho assim que a educação me leve a devolver os itens que vejo perdidos bem a minha frente?
A menina sentada no degrau parecia emburrada demais para esse fim de dia tão belo. Ao seu lado um cãozinho fofo e branco a olhava segurando a própria coleira. Vez por outra ela o olhava sem perder a carranca e ele abanava o rabo como louco a espera de, talvez, uma palavra amiga. Diminui o ritmo dos meus passos, logo irritada pelo desprezo da menina pelo animal mais do que amoroso. Atravesse a rua, sem necessidade, para passar em frente ao cão e lhe fazer um agrado, ele o merecia. Quando estava quase lá a menina o olhou novamente e ele alem de abanar o rabo o colocou lá para o alto enquanto sua cara ainda descansava entre as patas dianteiras. E ela riu. E ele pulou em seu colo e os dois se transformaram bem à minha frente. Ela agora era uma encantadora garota com seu cão fiel no colo, perfeitos para qualquer catalogo que ilustre a perfeição. Seu dia pode ter sido uma merda, mas se prestar atenção ao rabo amigo que abana pode mudar repentinamente.
O conto está ai embaixo.
Depois da Escuridão (Parte 17)

Enair podia estar sendo sincera dizendo que prezava sua segurança, mas uma guerreira está acostumada a encarar com seus próprios olhos o perigo e ficar sentada esperando que outros decidissem seu destino não era do seu agrado.
Anya era uma boa alpinista a fachada rugosa de um castelo não a assustava. Abriu a janela com certa dificuldade, parecia estar fechada a dois séculos e meio pelo menos, e sentou no beiral com as pernas para fora planejando o caminho que seguiria parede abaixo. Descer não foi um grande problema. Havia apoio suficiente no encaixe entre as grandes pedras, mas o vento quase a derrubou uma boa meia dúzia de vezes, sem contar que a cada segundo seus movimentos ficavam mais limitados de tão enregelada se encontrava.
Quando o solo já se encontrava encantadoramente próximo ela notou as sombras escuras que rondavam o pátio abaixo. Talvez se elas a tivessem notada teriam sido obvias, mas eram como animais silenciosos e atordoados que caminhavam sem cessar de um lado para outro perdidos em um circulo vicioso que só fazia sentido para suas almas mortas.
Anya continuou sua descida com mais cuidado e tão logo tocou o chão se esgueirou para um canto coberto de hera. No seu canto escuro esperou seus olhos se ajustarem a escuridão e seus sentidos despertarem para a noite. Eram mulheres o que ela tomara por animais. Muito provavelmente as guerreiras que deveriam povoar este castelo, mas ela não as sentia conscientes de sua humanidade, continuavam a lhe enviar vibrações animais e ausência de sentimentos coerentes.
Agora, assim próxima à elas, podia ouvir rosnados baixos e se lembrou dos mutantes sempre presentes nos vilarejos afastados. Os seres disformes de mente ou corpo que ainda carregavam as escaras da guerra já esquecida por muitos. Mutantes. Todas elas. E parecia que agora a farejavam.
Os rosnados se tornaram uivos, as sombras sob os capuzes se transformaram em rostos lupinos e isentos de lucidez. Anya estava encurralada.
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