15 de fev. de 2007

Suspicion

Quando ele abriu a porta e o gemido o alcançou pensou que iria morrer. Eles já haviam passado por muitas, mas superado todas. Houveram algumas tentações, mas ambos sempre souberam avaliar muito bem o que tinham e se afastaram sem remorsos da aventura passageira. Haviam chegado a um ponto na vida onde podiam simplesmente aproveitar, podia não haver mais paixão, mas havia respeito e amor. Não tinham filhos, uma opção da qual nunca se arrependeram. Viajavam quase todos finais de semana. Corriam o mundo nas férias. Investiam seu dinheiro sabiamente e unidos se fortaleciam cada vez mais. E agora isso. Um gemido mais alto seguido de um soluço o arrancou do transe em que estava. A imaginou em sua nudez madura e curvilínea, suada e entregue aos braços de um estranho que não saberia o quanto ela poderia ser maravilhosa em dias simples. Esse estranho não saberia que ela ria de olhos fechados, nem que gostava de usar meias para dormir, mas não calcinha. Ele não saberia nada alem da sensação maravilhosa do sexo com uma mulher experiente e fogosa. Novo gemido fez andar. A porta do quarto estava aberta no fim do longo corredor. Podia ver os lençóis desarrumados e o edredom jogado na poltrona onde ela gostava de se enroscar para ler. Não adiantava adiar o fim depois que ele havia começado. Entrou no quarto como um demônio, pronto para destruir e vociferar, mas o que viu o encheu de espanto, alivio e remorso.
- Amor! Me ajuda! Que bom você chegou. Não consegui ir até o telefone.
Ela estava caída ao lado da cama. O tornozelo estava claramente quebrado e a cada pequeno movimento ela gemia de dor. Voltaram do hospital como um casal em lua de mel. Ele a carregou no colo e pediu comida de seu restaurante preferido. Assistiram TV até tarde já que ele decidira não trabalhar no dia seguinte. Ele a seduziu aquela noite. Ela estava surpresa com este fogo inesperado, mas correspondia com paixão. Ele nunca lhe disse. Não poderia dizer que redescobrira a paixão quando pensara tê-la perdido.

4 comentários:

Anônimo disse...

Ehehe... Final feliz. Faz parte, faz bem! Relacionamentos são tãaaaaao complicados...
Beijão, lindona... Até Breve!!!

Anônimo disse...

Adorei! É instigante como podemos nos apaixonar pela carne mas amamos os pequenos detalhes e as manias das pessoas...

roseggata disse...

como sempre sensacional Andreia, o dom da escrita voce carrega e acredito que deveria transformar todas as suas estorias num livro...
bom carnaval...
beijosss...

Anônimo disse...

EU não aprendi a perder! por motivo, aprendi a não tomar nada para perto de mim, tendo como meu! levo em minha caminhada pela esta vida...