12 de fev. de 2007
Liberdade
A estrada era uma longa linha pontilhada sob os faróis e eu somente uma extensão da maquina em que viajava. Era sempre assim. A madrugada se entrega ao viajante se este se render a ela e eu nunca fui de me fazer de difícil. Os quilômetros pareciam desaparecer debaixo de mim como por mágica e nunca pensei para onde estava indo ou quando iria chegar enquanto o motor roncava. A noite, sem as luzes da cidade, era recheada de estrelas que pareciam felizes por estar lá penduradas para meu deleite. Lembro de sentir inveja de seu brilho distante e despreocupado, mas esse sentimento mesquinho nunca durava já que brilhavam somente para mim. A estrada estava, como sempre, deserta na madrugava, nem me incomodava em contar um ou outro veiculo pesado que ultrapassasse ou que passasse por mim, eram como fantasmas de um passado, ou futuro, distante e incoerente. Lembro da sensação de plenitude e potencia que sentia. A maquina domada por mãos e pés sem força ou pretensão de violência. O mundo dormindo enquanto eu passava. A liberdade. Fui uma viajante por vezes sem conta e, mesmo percorrendo o mesmo caminho, nunca deixei de me maravilhar com a beleza da noite. Era dona de meus impulsos e costumava parar no acostamento de estradas sinuosas, motor ronronando, luzes desligadas, esperando pelo momento em que a adrenalina tornaria meus sentidos mais eficazes. O ar da noite ganhava mais perfume, os sons pareciam amplificados, as sombras mais assustadoras e o silencio rugia como uma fera pronta a atacar. Eu me obrigava a esperar até ser insuportável e então saia em velocidade, acendendo as luzes e deixando o desconhecido para trás. É disso que sinto falta, da escolha entre o ir e o ficar. Da liberdade de poder ir e voltar.
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2 comentários:
Ow... Post gostoso de ler...
Saudadezona, tiaaaa!!! Abração apertado e até breve!
Adorei...! É estranho a sensação de liberdade que sentimos quando o vento bate sobre os nossos ombros e parece nos querer levar embora com ele...! Hum... Uma sensação de voar, como peter pan na terra do nunca!
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