31 de ago. de 2009

Goddess


Ela entra na sala quase sorrateira, me olha enigmática e quase sorri. Ronda como se não se interessasse por mim, mas eu vejo que é somente para me distrair. Quando me percebe perdida nas engrenagens de minha mente reclama alto como se houvesse sido abandonada. Eu a chamo suavemente e como sempre ela vem, com seu passo sincopado, sua graça extrema, sua quase realeza. Sobe em meu colo e caninamente me observa, lendo as nuances de meu humor. Um olho azul, um olho verde, esperando que eu diga que não importa, que está tudo bem. Deita ao lado do meu laptop e enquanto procuro as respostas para tantas perguntas ela simplesmente ronrona por estarmos juntas. Logo sinto aquele pequeno formigão dentro de meu cérebro e soluções vem com mais facilidade, a calma sempre à andar na corda bamba acha um divã confortável e se estica, os músculos tensos desfazem os nós enquanto observo a cauda longa e branca lambendo a tela e a cabeça delicada usando meus papeis como travesseiro. Já não quero perder a calma, já não acho aquele email tão injusto, já não penso em responder com fúria. Talvez ela me hipnotize, talvez eu somente me sinta em paz na companhia dos animais, talvez ela seja uma deusa egípcia perdida neste continente. Não sei, não importa. Meu trabalho é mais suave quando ronrona ao meu lado.
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Um comentário:

CLICK disse...

Andréa, Andréa, Andréa......
Eu aqui com os botões do meu jaleco branco esticado no meu divã...Diante de tanta meditação, restou uma dúvida que não quer calar....
Você ronrola ???