17 de abr. de 2007

Até que a morte...

Ela o olhava com os mesmos olhos de sempre. Adoradores e ausentes. Muitas vezes ele pensava que ela nem mesmo o via, não o seu eu real, mas aquele com o qual ela sonhava e para o qual respondia perguntas nunca feitas e para quem agradecia carinhos nunca ditos. Ele lhe dizia, claro que dizia já que não suportava mais esse amor, que não podia mais, não a amava, não a queria, mas ela somente o olhava, sonhando com outras palavras como se ele fosse somente um personagem que pudesse ser dublado ao gosto do freguês. Era quase uma tortura diária. Ela telefonava 20 vezes por dia, mandava flores, planejava viagens que nunca fariam, importunava seus amigos e nunca, mas nunca mesmo, se importava com suas respostas ríspidas, sua ira cada vez maior. Ela não via. O amava e só isso importava. O escolhera e não deixaria que ele estragasse o relacionamento de seus sonhos. Ele já não tinha forças para fugir, ela sempre o achava, não tinha forças para lutar contra vontade tão poderosa. Era um mártir que vê a hora do sacrifício chegar sabendo que não há saída, a visão do fim é quase doce. Ele a mandou vestir branco, lhe deu um buquê de flores do campo e uma aliança larga e antiquada. A levou para o campo e em uma trilha, entre arvores centenárias e flores sob os pés, prometeu ama-la até a morte. Ela não sentiu, nem mesmo ouviu a explosão que fez os pássaros fugirem em revoada. Nunca percebeu a arma encostada em seu peito, nem mesmo estranhou as lagrimas desesperadas nos olhos de seu príncipe encantado. Seu coração parou no momento mágico, na hora eterna de sua felicidade. Ela conseguira. Ele era seu até a morte.

18 comentários:

Anônimo disse...

Oi, Andréa! Espero que seja um dos seus "episódios dramáticos", porque, caso contrário, parar de escrever seria um crime ... Eu, que estou mantendo meu site apenas com "manterial de gaveta", aquelas coisas que já escrevi há tempos, fico surpreso e admirado com a sua capacidade de publicar sempre coisas atuais e interessantes, textos que envolvem a gente. Tenha certeza de que o problema não está em você, mas no sistema cultural que só dá valor a autores estrangeiros, muitos de qualidade duvidosa, e deixa a gente que batalha por aqui à mingua. Porém, se a gente desistir, o que sobra? Sou a favor da resistência, da guerrilha cultural. Talvez seja o caso de reunir alguns amigos blogueiros e publicar um livro, e divulgá-lo por aí. Talento a gente tem (você mais, é verdade ...) Anime-se, minha amiga, e um grande beijo!

MirzaSAS disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
MirzaSAS disse...

Como sempre seus contos prende a atenção. Muito bom!

Tenta publicar um livro com esses escritos do blog.

Uma ótima semana!
Grandes bjus.

Anônimo disse...

Faz tempo que eu não vinha te fazer uma visitinha. Adorei esse, apesar de ter esperado um final mais previsível. Não deixe que a banalidade a impessa de criar suas quimeras.

Anônimo disse...

Oie Cuca,
Tenho tentado comentar, mas não tenho conseguido, na hora de publicar dá erro, snif... Vamos ver se hoje vai.
Chocante esse texto... Nossa!
Tá tudo bem com vc?
Animada para o feriadão?
Força ae, tá!
Bjus!

Anônimo disse...

Sem palavras. Aliás, muitas, mas incomunicáveis. Uma guerra entre o meu Eu pós feminista e o meu outro Eu provinciano. Parabéns. Meu texto favorito seu.
Beijos

roseggata disse...

Ola Andreia. Estou como voce quase sem tempo, mas não da pra ficar longe dos seus escritos que tanto gosto, semptre que posso estarei aqui me deleitando com dramas como este que voce escreveu, não esqueça, o primeiro livro e meu!
Obs: e clar que voce transformara seus escritos num belo livro!
beijosss...

MirzaSAS disse...

Cade vc?
Ai! Ai! Ai!

Raf´s disse...

Outro dia escrevi a uma amiga minha assim:

Quanto mais eu me distancio da tão sonhada princeza mais eu me aproximo de uma vida patética e sem graça.

Vai ver era isso o temor da personagem, dando beijo em sapo sendo q ele só queria ser sapo.

dade amorim disse...

Uma pitada de looucura quase sempre dá bons textos...
Menina, onde anda você?

roseggata disse...

Ola andreia! que saudades! com meu tempo curto estou visitando cada vez menos os amigos, ms seus escritos não me deixam esquecer seu blog, que estoria! e como esta existem muitas por ai afora, u ate conheci uma em que a moça foi rrejeitada pelo noivo, mas sempre ficou proximo a ele e depoi de anos acabaram se casando, mas a sua tem sempre um desfexho impressionnte...
Parabens Andreia, e não se esqueç de publicar todos os seus escritos num livro, tenho certeza que sera o maior sucesso...
beijosss....

dade amorim disse...

Andrea, deixei um trabalhinho lá no Umbigo pra você, viu? Se quiser participar, traz aqui pro Pé e deixa a gente ver tuas respostas. Um beijo dos grandes.

Anônimo disse...

oi, moça... ainda queria escrever assim.. :) Bjok!

Chris disse...

Hello, you have a wonderful blog, can you please contact me at linkexchange@edenfantasys.com? I have something to discuss with you
Regards, Chris
(Please can you delete this comment after your decision?)

Anônimo disse...

Olá Andréa... como sempre você escrevendo muito bem... parabens pelos textos.... trouxe uma novidade, estou com um novo blog...http://blogdoarcanjo.zip.net
não desistiu de blogar né?

Anônimo disse...

Hey dear!!! Amei!!!
Bj e saudades do seu até sabe-se lá quando
Jorge!

Tom disse...

Olá, Andréa!!!
Quase dois meses sem postar, isso é procupante. Espero q esteja tudo bem com você. Este sobrinho desnaturado entrará em contato em breve, já estou preocupado. Abração e até mais.

roseggata disse...

minha amiga querida! não deixe nunca de escrever, seus escritos são cheios de misterios e prende a nossa atenção, por favor nao desista do seu blog!
beijosss...