12 de mai. de 2009

Standing Sill

Ela estava absolutamente imóvel e o mundo andava. A Avenida Paulista mais parecia um formigueiro e o inicio da noite era suave e convidativo. As pessoas saiam dos edifícios e logo seus passos se tornavam mais ágeis, seus rostos perdiam a tensão sob a noite morna. A brisa suave varria as mesas na calçada, cheias daqueles protelando o momento de se ver novamente entre quatro paredes. Mas ela permanecia imóvel. Não que a noite não a tentasse, não que não respirasse mais fundo o ar menos viciado do que de seu escritório, mas estar assim imóvel em meio a tanto movimento lhe dava a sensação de ser invisível. As vozes a atingiam como ondas, trechos de conversas chegando a ela como a maré, pedaços de vidas, dramas, comédias, tudo se misturando em uma balburdia surda. Em sua completa exaustão depois de mais um dia de trabalho, sua imobilidade lhe devolvia a percepção do mundo. Na insanidade diária ela muitas vezes se esquecia de apreciar o mundo a sua volta, por mais louco que fosse. Hoje, imóvel, ela se tornava o mundo.
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Um comentário:

Anônimo disse...

há tempo não leio algo tão bom, e bem escrito sobre solidão. Chega dá uma coisa na caixa dos peito! Beijo de Maria