28 de ago. de 2010

Sexo Frágil.


A mulher trilhou um longo caminho para atingir a liberdade e tudo começou bem antes de se queimarem sutiãs em praça publica. Desde que deixamos de grunhir, e descobrimos o fogo para o churrasco e a roda para o automóvel nos levar ao cinema, sempre existiram mulheres que lutaram por um lugar melhor no mundo, que lutaram por diminuir a diferença de tratamento profissional entre os sexos, que lutaram por mostrar que apesar de parir, cozinhar, passar e muitas vezes cuidar de um marido inútil, ainda eram capazes de trabalhar como verdadeiros machos, ocupando cargos de destaque, decidindo o destino de empresas e enchendo seus cofrinhos com suadas notas bem empregadas em fundos de investimento. Éramos uma raça decidida a ocupar o topo apesar de nossa fraqueza. Lidávamos com nossas cólicas menstruais estoicamente, escondendo o desconforto e a dor por trás de um sorriso. Lidávamos com a dupla jornada com brio, sabendo que se quer bem feito faça você mesma. Não pedíamos que nossos homens dividissem igualmente o trabalho caseiro, pois sempre soubemos que não nasceram com nossa habilidade nata de lidar com um milhão de coisas ao mesmo tempo e ainda ter tempo para colocar uma lingerie e o seduzir após as crianças terem embarcado no expresso de Morfeu. Éramos rainhas, guerreiras, cortesãs, mães, filhas, esposas, profissionais e meninas. Éramos tudo e o mundo era um mistério a ser resolvido, destrinchado, explorado até que finalmente chegássemos ao ápice da igualdade. Que nunca veio. Hoje, infelizmente, parecemos mais fracas do que antes. Cólicas viraram desculpas para trabalho mal feito, a maldita TPM motivo para más decisões e perda de compostura, filhos e marido desculpas para faltas e atrasos. Sinto-me só quando, de espada em punho, tento manter o forte seguro. Onde estão minhas companheiras que queriam ser objeto de admiração por sua capacidade, inteligência e graça? Onde estão aquelas que sabiam como colocar suas vidas, profissional e pessoal, numa balança e mantê-la equilibrada? Estou à espera, mas a cada dia meu braço pesa mais e a espada cai um centímetro. A porta do forte já parece pronta a ruir e somente posso pedir que aqueles que me encarem quando a ultima barreira cair o façam com admiração, olhando para mim como mereço, por ter me comportado com bravura sem sexo, com paixão sem medo e por ter ignorado, nessa longa jornada, que sou do sexo frágil.
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Um comentário:

CLICK disse...

Déka, não são todos os homens que pensam que a mulher deva ser jurassica não. Aqui em casa as coisas são diferentes.Aqui a mulher é realmente valorizada, bajulada, reconhecida, motivada....Claro, desde que o almoço não atrase...