12 de dez. de 2011

The little bastard


Não é bem um bloqueio. É mais como um coagulo, uma maldita rolha alojada entre meu cérebro e a mão que traduz meus pensamentos. Às vezes sinto como se estivesse em compasso de espera, onde o momento que me carregará está sempre suspenso na droga da ampulheta congelada.
Não sei quantas vezes sentei em frente ao teclado tentando recapturar o momento onde perdi a vontade de escrever, não a inspiração, nem a imaginação, mas sim a vontade. Talvez seja medo de ver as palavras que amo desperdiçadas no cyberspace, as historias perdidas nesse burburinho constante e sem sentido que engole até o mais coeso dos pensamentos.
Quero somente escrever novamente. É por isso que arrumo a mesa. Ajeito a cadeira. Abro a janela e deixo a brisa entrar e acariciar minha pele cansada. Encaro a tela e elas ainda estão lá. Palavras e mais palavras que fazem sentido sim, traduzem um milhão de sentimentos e mais, me ligam a pessoas que amo, amei e vou certamente amar.
Claro que o medo não vai embora assim rápido. Não é bicho de fugir ao primeiro contratempo. Ainda sussurra em meu ouvido “ninguém quer ler o que tem a dizer”, ainda pergunta sarcástico “de onde vem essa idéia de que pode escrever?”, mas eu dessa vez o ignoro. Me privei por tempo demais de gritar o que sinto em outras vozes, de dizer minhas verdades através da ficção. Dane-se o medo. Fuck off, little bastard!
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