19 de out. de 2008

Regras da Sedução

Ela ficou esperando pelo príncipe encantado durante toda a noite. O moreno alto e razoavelmente bonito, mas usando óculos, não tirava seus olhos dela, mas não era o tipo de homem que iria impressionar suas amigas. Repeliu todas tentativas que ele fez de se aproximar, recusou o drink, lhe deu as costas quando a cumprimentou, fingiu não o ver quando dançou a sua frente. A noite já se aproximava do fim e ele ainda a encarava, com olhos grandes e negros que pareciam espetá-la como um alfinete mal colocado. O homem com quem ela sonhava apareceu e lhe deu o mesmo tratamento que ela dispensara ao seu Romeu. Ela tentou de tudo. Exagerou na dança sexy arrancando riso dos que assistiam, tentou lhe pagar uma bebida que nem foi dispensada, mas devidamente ignorada. Apelou para a agressão e derramou bebida em sua calça, limpando pornograficamente com um guardanapo o colo molhado. Ele nem agradeceu, somente a chamou de desastrada e saiu carregando consigo uma menina sem graça que havia ficado a noite toda completamente na sua. Suas amigas riram dela sem dó fazendo com que finalmente se sentisse humilhada. Olhou para o moreno quase belo e viu em seu rosto uma expressão que, anuviada pelos vapores da bebida que ingerira e na ânsia de não terminar a noite sozinha, não reconheceu. Caminhou até ele tentando ser sexy, mal sabia que somente parecia desesperada, e finalmente lhe disse que aceitava uma bebida. Ele não lhe disse uma palavra. Pediu a bebida e como um perfeito cavalheiro a ofereceu com aquela mesma expressão no rosto que começou a deixá-la inquieta, mas ele não lhe deu tempo para pensar, disse boa noite e foi embora com passos largos e firmes. Tivera a noite toda para reparar nas pernas longas, no peito largo, nos olhos negros por trás das lentes, mas não virá nada. Agora era tarde demais, mas não para reconhecer a expressão com que se despedira. Era uma expressão mista de pena com embaraço e foi com essa ultima lembrança que ela teve que dormir.
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