17 de jun. de 2008

Noites Melancólicas


Dizem que ele surge em noites de neblina, quando o mar parece mais um céu cheio de nuvens. Dizem que é amaldiçoado e que ver sua silhueta é mau agouro. Mas isso é somente o que dizem. A lenda fala de um capitão cruel e de torturas sem fim, de porões de paredes tingidas de sangue e saques onde uma musica diabólica embalava piratas durante assassinatos e estupros. Quando ele surge no horizonte pode-se ver seu capitão em pé na proa, uma figura negra de cabelos longos que os dedos da neblina acariciam quase com carinho. Do navio só podemos adivinhar as formas elegantes e a potencia de seus canhões que estão sempre expostos por entre as portinholas abertas. Vemos também a sombra das velas negras que se debatem ao vento fantasma que não agita a neblina. É a imagem mais bela que pode surgir sobre esse mar céu da meia-noite, imagem que deveria inspirar enlevo e não temor, mas o ser humano parece sempre preferir acreditar no mal em vez do bem e isso talvez se deva à degeneração de nossa espécie. Eu , quando o imagino em meus sonhos, prefiro acreditar que este navio fantasma surge do fundo do oceano nas noites melancólicas. Nestas noites ele passeia pelo mar onde antes reinava, lembrando do balanço das ondas e dos portos onde outrora ancorava. Vagueia exalando suspiros entre as tabuas lustrosas e embalando uma tripulação de espectros que olha para o horizonte sem rancor. Não há porque ter medo, em noites melancólicas somente as boas lembranças conseguem emergir e apesar de nos causar saudade elas não produzem mal maior do que algumas lagrimas derramadas por um coração enternecido.

Um comentário:

Clecia disse...

Texto melancólico, mas belo mesmo assim. As palavras têm o poder de dar beleza a um texto, ainda que o tema possa não ser alegre, não é mesmo? Gosto de ler textos bonitos, isto é o que importa. Bjos, Andréa!Tudo de bom!