23 de set. de 2007

Gosto de imaginar que existe algo depois da morte. Depois do ultimo suspiro, do murchar dos pulmões inúteis, do ultimo bombar do coração corroído, doído, pelo tempo. Depois que o corpo encontrar o repouso num ultimo estirar de membros onde o ultimo sinal de que ali uma vida existiu é o crescer incontrolável das unhas e cabelos que ignoram a morte por mais algum tempo.
Depois...
Gosto de imaginar que existe algo depois do túnel de luz branca onde anjos cantam o caminho. Depois das portas, abertas de par em par, da entrada do paraíso (ou o que quer que haja depois para os bons). Depois do reencontro com os entes queridos e os animais de estimação que esperaram pacientemente pela sua chegada.
Depois...
Gosto de imaginar que depois de tudo isso é nos dado a sabedoria de enxergar o que fomos humanos demais para perceber. O sentido das coisas. O motivo oculto. As escolhas que nos foram roubadas. O minuto supremo onde tudo nos é revelado e podemos sorrir de nossas dores terrenas e entender, por fim, que tudo teve sentido.
Depois.
Somente depois.

2 comentários:

dade amorim disse...

Eis um tema perigoso e polêmico. Mas você está confortável nele. Imaginar é um bom modo de lidar com a realidade, tantas vezes incompreensível ou ruim de aturar.
Beijos pra você, criatura que some.

Anônimo disse...

Eu já escrevi que:

"O fim não tem fronteiras
O fim ninguém espera
Não há quem me explique o fim
Só sei que não me importa o fim"