18 de set. de 2007
Todos tem suas, como é mesmo que dizem, necessidades. Ele tinha a sua. Era como uma compulsão. Lutara a vida toda contra ela, tentara de tudo, remédios, curandeiros, terapia de grupo, hipnose, macumba. Nada resolvera. Depois de anos de frustração e desejo contido acabara por se entregar. Cada um deve enfrentar seu eu interior no espelho e aceita-lo ou viver em uma bolha para sempre. Ele se aceitara. Não que sua necessidade não lhe rendesse sustos. Por tantas vezes escapara por um triz de ser pego que, de tempos em tempos, trancafiava sua compulsão e se comportava como um ser humano normal. Naquela noite, depois de tantas de abstinência, ele saiu pelas ruas sabendo o que faria. Ficou vagando pelo bairro quase adormecido procurando o que precisava para aliviar sua necessidade estúpida e insana. Logo achou e tratou de aliviar a necessidade maligna que o preenchia sempre que perambulava pelas calçadas cheias de gente. Ele não notou que ela se aproximava e nem ela o notou na escuridão da noite. Eram ambos o pesadelo um do outro. Ele o de ser pego com a mão na massa, ela de se encontrar frente a frente com um estranho quando a cidade parecia ter se esvaziado de repente. Ela descia a rua em passos apressados e silenciosos, cortesia de seus tênis que não dispensava para as idas e voltas do trabalho. Ele estava imerso demais no prazer de seu segredo para ouvi-la. Até ser tarde demais. Não há como descrever o que sentiram as duas pobres criaturas presas nas malhas do destino. Ela ficou congelada, presa em seu ultimo passo sem saber se correr ou... Ele, pobre coitado, pego em fragrante delito, pênis na mão, urina correndo solta enquanto um sorriso feliz lhe mudava a face, perdeu todo desejo, para sempre, de escrever em muros com jatos de xixi. Seu prazer secreto descoberto lhe tirava um pedaço da alma e ele chorou de vergonha e frustração. Ela se condoeu de um tão belo espécime masculino pego em tão infantil atividade. O consolou como pode e o constrangimento de ambos se transformou em elo e ele a acompanhou a sua casa. E no dia seguinte também. E no outro. Estão casados agora. Ele já não sente aquela necessidade, só muito raramente, mas então ela o acompanha para ele praticar um pouco de seu xixi caligráfico. E eles viveram felizes para sempre. The end em xixi caligráfico.
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