15 de set. de 2008
Por trás da teia
Estudar as pessoas é quase um sexto sentido. Não sei se é da minha natureza, se é um habito cultivado ao longo dos anos como uma rede de proteção ou se é algo que simplesmente me diverte imensamente. Minha querida e elétrica chefe sempre acha que julgo muito duramente as pessoas, que vejo teias onde nem mesmo existem aranhas, mas mal sabe ela que eu somente vejo um pouco mais longe do que a maioria das pessoas. As intenções de terceiros ficam cada vez mais evidentes para mim com o passar dos anos. Como qualquer outro mortal da pelota gigante eu frequentemente me engano com as primeiras aparências, aquela-coisa-de-todos-usarmos-mascaras-etc-etc-já-cansei-de-falar-nisso, mas o convívio torna as pessoas bastantes transparentes para mim. Não é bem que as pessoas se mostrem mais, mas sim que é mais fácil ver por baixo da fachada que vez por outra cai. São estas quedas que espero, são os olhares francos, apesar de maldosos, captados num relance. São os gestos de raiva quando deveriam ser de admiração ou felicidade, são os punhos fechados quando as mãos deveriam estar relaxadas. São pequenos detalhes que montam quebra-cabeças humanos que para mim são como teias, mesmo que sem aranhas.
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