27 de mai. de 2008

O homem Verde

Ele era feito de dias e noites, de terra e ar, de folhas e frutos. Tinha no lugar de coração um rubi gigante que brilhava incessantemente dentro de seu peito. Era um homem, sim, mas tão diferente dos outros de sua raça quanto um leão o é de um simples gato. Ele gostava de olhar o mundo, mas nunca era observado, se mesclava à vegetação que dançava ao seu redor e chorava sementes pelo caminho que a humanidade tomava. As flores que nasciam de seu pranto viviam eternamente, murchando e revivendo para espanto daqueles que as viam brotar por entre o asfalto ou no meio do deserto. Pois ele andava.sem descanso e também sem descanso deitava sementes pelo caminho, mas quando olhava para trás via somente mãos ávidas arrancando as margaridas, pés sujos espezinhando as hortênsias, corações gelados passando sobre as rosas e olhos vazios ignorando os girassóis. Ele continuou a andar, mas cada vez mais longe dos homens, tomou posse de um monte e lá vive em meio às flores e arvores esperando que um dia alguém com um coração de carne e sangue sinta prazer no éden que planta com suas lagrimas.

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