1 de dez. de 2007

O Cão Mais Chato do Mundo


Não, Peter!
Chega, Peter!
Para, Peter!
Frases curtas e comuns em minha casa por quase 17 anos. Peter chegou como uma bola dourada de orelhas marrons e olhos amorosos. Desde o primeiro dia considerou o meu lar o seu. Nenhum gemido de saudades por seus pais ou irmãos escapou naquela primeira noite. Lembro como se fosse ontem como o coloquei atrás de minha cabeça no meu travesseiro e do gemidinho que deu no meio da noite. O levei no seu “banheiro”, caminhando pelo corredor curto com ele bem encostado no meu rosto, o cheiro de filhote fresco ainda impregnado em sua pelagem macia. O coloquei no chão em cima do jornal e depois de terminada sua sessão xixi, levantou o focinho diminuto e ficou me encarando. Acho que para ele o curto corredor parecera uma viagem. O peguei no colo dizendo palavras doces que ficaram perdidas pois já dormia novamente.
Cogitamos muitos nomes. Como fora dado como presente de dias mães para a minha, precisávamos nos curvar à sua escolha, mas não sem luta. Peter foi o nome escolhido e o que mais se ouviu dentro de casa por muitos anos.
Já um adulto ele ganhou uma companheira, única lembrança decente de um ano trágico, e logo mais muitos filhotes pipocavam pela casa. Mas era sempre Peter o senhor do lar. Sempre tratou os outros cães como se fossem cães, já que ele nunca se considerou um. Sua energia foi sempre inesgotável e somente este ano se lembrou de envelhecer. O cão chato, mas apaixonado por seus humanos, de repente perdeu a voz potente e começou a tropeçar nas pernas sempre prontas à galopar pela casa. De filhote passou a velho cão, passando a latir menos, a nos perturbar com pouca freqüência. Nos últimos meses ele entregou seu corpo a meus cuidados, finalmente percebendo que já não podia mais pular em nossos braços. Na ultima semana já nem mais percebia com que carinho eu afagava seu dorso cansado.
Dia 30 de novembro, um ontem que para mim ainda é hoje, ele se entregou a o que quer que exista após a morte e eu fico pensando em quanta saudade de sua voz rouca vou sentir.
Ele era o cão mais chato do mundo, mas o mais apaixonado também. Eu o entreguei para seu descanso com o peito dolorido e a casa parece silenciosa demais, mesmo com meus outros cinco cães me rodeando cheios de preocupação e tristeza. Apesar do cansaço, pois há varias noites não durmo cuidando para que seu fim seja delicado e confortável, não consigo dormir. Tenho medo de que no meio da noite minha mão procure por sua cabeça, como tantas vezes nos últimos tempos, e ache somente o chão que já não está coberto por seu colchão e cobertor.
Peter era o cão mais chato do mundo, mas o mundo não é perfeito e muito menos eu, assim, eu o amo como se houvesse sido.
Bom descanso, meu velho amigo, que Deus o guarde até que possa me receber ai do outro lado. Já sinto sua falta. Com amor. Sua humana, Andréa C

10 comentários:

Tom disse...

Ah... Como gosto da forma intensa que você fala dos seus cachorros... Ânimo Andréa, seus companheirinhos te fazem tão bem, não cultive a tristeza por muito tempo, viu... Seus companheirinhos se esforçam o tempo todo para te deixar feliz, faça o esforço deles valera pena, hein! O esforço da vida interinha de Peter tbm... Alegriaaaa. Com saudade, sim.... Abração amigona!!!

Nina Garimpa disse...

Me chamaram para ler. Comecei e uma lagriminha veio no canto. Terminei e corri para o quarto para chorar feito criança. Um beijo.

Anônimo disse...

Todos nós que temos um animal de estinação acabamos perdendo uma parte da vida qunado um deles se vai. Eu não vou me apegar, dizem uns. É só um animal dizem outros. Mas junto com o Peter vai um pedacinho da minha vida também...... Sorry Andrea.... Terrible sorry.....

Anônimo disse...

CLICK
bEIJÃO dÉCA !!!!!!

Anônimo disse...

Sei muito bem como é esse sentimento de amor. Já enterrei dois grandes amores e algumas paixões. é a lei natural da vida.
FELIZ NATAL!

Anônimo disse...

Eu tenho um, chamado Piuí e pouco a pouco o descanso dele chega, já não cavalga como antes, mas continua doce, brincalhão, gritão. Ele enche a casa. Ultimamente deu de mancar, tropeçar nas próprias patas e ficar cego. É melhor assim, ele vai despregando-se dessa vida levemente e eu, sofrendo menos. Ele, como o Peter, é único, insubstituível. Sinto falta dele no mue pé, mordendo minha boca, porque é o beijo que ele sabe dar...Agora que meus pais se sepraram, quas enão o vejo mais e isso me dóis, mas de um lado sei que um dia, hei de me encontrar com esse que meu guarda, meu anjo, minha alegria...
Bjos Déia, estou de volta!

Heidi Costa disse...

Que texto lindo e emocionante!!

Que Peter descanse em paz...

Anônimo disse...

Oi Andréa,

Passei para conferir as novidades. Amei ouvir sobre seu amor pelos cães. Muito emocionante.

Convido para a festinha de dois anos do meu blog. Você faz parte desta história.

Um lindo final de semana e muita paz.

Smack!

Edimar Suely
edi_suely.blig.ig.com.br

Flávio disse...

Bom Andrêa, eu queria lhe dizer que também tenho uma cadelinha de 8 meses da raça pinscher, acho que a raça já o diz tudo, ela pode ser a cadelinha mais chata que existe no mundo, mas como cada dono ama seu cão eu amo ela e acho que se a perdesse não sei o que seria de mim, por isso nós como donos que somos devemos aproveitar cada segundo com o nosso melhor amigo e saber da valor a ele enquanto ainda é vivo.
Apesar de tudo o dia que chegue o dia dela partir vou lembrar como você se lembrou, já não entrarei pela cozinha ouvindo os latidos e sentidos suas afiadas unhas arranharem minha perna e pedindo colo, me abrandarei na triste solidão de uma conzinha que apenas realiza a sua função!
Ânimos Andrêa!!!

Anônimo disse...

leggere l'intero blog, pretty good