28 de abr. de 2010

Intimidade


Sempre me incomodou essa noção de que intimidade é sinônimo de falta de privacidade, talvez venha daí minha aversão ao casamento. Lembro de alguém me contando como estava completa agora que se sentia a vontade de usar a privada na presença do namorado. Lembro também como fiquei estarrecida e amedrontada pensando que euzinha nunca teria a tão sonhada intimidade já que meus momentos no banheiro são extremamente privados. Como pode se chamar intimidade algo que me provoca extremo desconforto? Para mim intimidade é algo mais pacifico e menos fisiológico. Para mim intimidade é não precisar falar quando não tenho vontade, poder dividir o silencio com a alma que me acompanha sem precisar me justificar. Intimidade é sentir o prazer do outro como meu, duplicando as sensações. Intimidade é ver alem do obvio e se eximir de comentar o que fere e magoa. Intimidade é sentar ao lado de quem amo e ver um jogo de futebol, rindo de seu nervoso, atentando para suas necessidades mais básicas (cerveja e pipoca) mesmo que este possa não ser o meu passatempo preferido. Intimidade para mim é mais de dentro para fora do que de fora para dentro. As pessoas demonstram demais nos dias de hoje, mas dificilmente sentem o tanto que demonstram. Escrevendo agora lembro de outro caso da dita intimidade que fazia com que uma conhecida sempre descansasse uma mão no pênis de seu namorado mesmo que num bar à céu aberto. Ela dizia que a intimidade deles assim permitia, mas para mim sempre pareceu uma cena ostensiva que ela pensava ser sensual, mas para mim era somente ridícula e constrangedora. Quem é que fica de mão dada com o pênis do namorado numa festa? Intimidade para mim vai muito alem de tocar para conectar, está mais para estar tão conectado que sei quando meu parceiro deseja ser tocado. O que posso desejar é que o destino me escolha o próximo parceiro com cuidado, que seja tão neurótico e avesso a esta nova intimidade como eu.
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26 de abr. de 2010


O que eu vejo quando olho por cima de meu ombro é um labirinto de caminhos me afastando do que desejo. Ainda não sei se me deixo levar, se sou tão fraca assim, se tenho medo do que quero ser somente um sonho ou se realmente o destino conspira para me encher o saco. Talvez tudo tenha a ver com meu estado de espírito, que diga-se de passagem não anda lá aquela coisa, talvez seja preciso que o corpo não esteja corroído pelo estresse e o cérebro não esteja sufocado por rotinas desinteressantes e idéias empurradas a força por pessoas que não tem a mínima idéia de para que um cérebro realmente serve. E assim é, como sempre, que olho para frente e me deparo com algumas escolhas. Devo seguir meu coração ou deixar que a vida me engula incompleta? E é isso que me mantém acordada e inativa quando deveria estar pondo sonhos no papel, mas para cada situação existe um “turning point” aquele ponto onde sua vontade é quebrada para sempre ou simplesmente assume a liderança com uma calma decisiva e blasé. Sim, eu sei para onde vou, mesmo que não tenha a mínima idéia de como chegarei até lá.
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