31 de jan. de 2010

Pambo

Minha mãe diz que tenho algo de São Francisco, suas palavras não minhas. Qualquer pomba machucada cai em meu quintal, qualquer animal abandonado me segue pela rua, é uma maldição e uma benção. Maldição porque não posso ajuda todos os animais que vejo e benção por aqueles que posso. Esse post é sobre uma Pambo. Não, eu não quis dizer pombo, mas pambo mesmo. Essa ave estranha chegou em minha casa um belo dia com um fio enroscado nas patas, era visível a dor que lhe causava e já não conseguia mais voar, talvez de fraqueza, talvez de dor, talvez por estar puta da vida por alguém ter deixado o raio do fio em seu caminho. O fio terminava em uma argola que se engatava por aonde ela fosse fazendo com que caísse como bêbada de cara no chão. Era um triste espetáculo. Sua aparência tornava tudo ainda mais bizarro. Sua plumagem malhada de branco e marrom claro parecia absurdamente limpa para uma pomba, as patas e o bico tão laranjas que comentei que deveria ser filha de pato e assim ela virou em minha cabeça uma Pambo ou Pomto, ou ainda Pompa na versão de minha mãe que juntou os nomes como bem entendeu. Dia e noite eu olhava Pambo e me condoia e um dia a atrai para a cozinha, fechei a porta, peguei a danada e numa operação meio complicada, já que o fio estava literalmente cortando suas patas, cortei o danado fora e soltei Pambo na porta da cozinha. Ela ali ficou, andando para lá e para cá me olhando quando o click da argola de metal falhava em a seguir. Voltei para a sala com a cara feliz do trabalho realizado e até hoje, quando acordo, Pambo é a primeira coisa que vejo quando abro a janela a cada manhã. Ela mora aqui, eu acho, não sei bem aonde, mas parece considerar esta a sua casa. Quando chove e fecho a janela de vidro ela bate com o bico reclamando de ser deixada de fora, quando fecho a janela no fim do dia e subo, lá fica ela no murinho olhando como se não entendesse o porquê de não ter uma cama como a dos dogs aqui dentro. Quando não lhe damos atenção e fechamos a cortina ela simplesmente espera um vento e pula para dentro quando a cortina dança. Se a cortina está aberta muitas vezes Pambo pula para a mesinha de trabalho de minha mãe e lá fica olhando para a velha como se esperasse um cumprimento. Não adianta gritar xô, nem abanar a mão, ela não se assusta nem quando chegamos perto o suficiente para tocá-la, simplesmente fica lá como se soubesse que não há o que temer. E agora, com a mudança a menos de duas semanas, eu me pergunto o que será dela quando a janela se fechar para sempre. O que será de Pambo sem os pãezinhos de leite que minha mãe lhe dá todo dia? Como ficará se sentindo assim abandonada pela família que adotou? Olho para ela e me pergunto se a levar ao apartamento, até o nono andar, e a soltar de nossa nova janela , será que nos achará novamente? Pambo é um pé no saco a maior parte do tempo, mas é nossa Pambo.

27 de jan. de 2010

Coisas que eu sei...


Na maior parte do tempo eu não estou certa sobre absolutamente nada, mas de algumas coisas tenho certeza:
- Alguns dias são melhores que outros, mas todo dia nasce com a promessa de ser maravilhoso.
- Mediocridade é um item comum nos dias de hoje, não deixe que seja o padrão de suas ações.
- Quanto mais difícil algo é de se conseguir, melhor o sentimento quando conseguimos.
- O amor de sua vida é aquele que você se esforça por manter, os outros feneceram por falta de interesse ou pura preguiça.
- Sexo não tem regras, somente preferências.
- Na escuridão podemos sentir o perfume de terras distantes
- A internet somente é o demônio para aqueles estúpidos demais para acreditarem em tudo que lêem.
- Você precisa aprender a ler antes de dizer que não gosta de livros. Experimentando diferentes estilos é a única maneira de descobrir que tipo de leitor você é.
- Um bom professor nem sempre é um bom profissional da área que ensina e um bom profissional nem sempre é um bom professor. Você pode ser ambos, mas é raro.
- Não amar os animais é perdoável, mas não respeitá-los não é.
- Ser feliz tem mais a ver com aceitar as rotinas da vida do que em viver um conto de fadas.
- Abrir a carteira e achar uma nota de R$ 50 escondida anima o dia de 99% da população.
- A capacidade de recuperação do ser humano é imensa. Infelizmente também o é sua estupidez.
- Ou sou amada ou odiada e isso me serve bem. A indiferença de outro ser humano revelaria minha irrelevância enquanto seu amor ou ódio mostram minha grandeza.
- Se beleza e magreza fossem sinônimos de felicidades todas atrizes de Hollywood estariam bem casadas.
- Quando você tem fome um bom prato de botequim é mais satisfatório que cinco pratos de um restaurante Frances.
- Homens traem sem se envolver emocionalmente. Mulheres não. Talvez por isso mulheres perdoem com mais facilidade um par de chifres do que homens.
- Um sonho é somente um sonho enquanto nenhum passo é dado para vê-lo realizado.
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25 de jan. de 2010

Sorte

A faca corta a pele com facilidade e delicadeza. Não faço força nem rasgo a carne macia, mas sim, suavemente, sigo o trajeto que a lamina me dita. A pele rugosa cai em tiras que tento fazer o mais longas possíveis. Sorrio lembrando de outra mulher fazendo o mesmo trabalho com o mesmo carinho. O cheiro da laranja lima se espalhando a cada fruta descascada. Uma a uma eu as desnudo pensando no passado, no presente e nos dias que ainda virão. Sei que tenho sorte. Neste mundo desumano tive alguém que me descascou laranjas e preparou meu lanche para a escola, tive pessoas que me deram o ombro chorar e me disseram verdades que não queria ouvir, tive e tenho um irmão que posso confiar e com quem tenho prazer de partilhar minha vida, tenho trabalho, carro, casa. Tenho amigos. Tenho sorte sim e descascando laranjas é que penso nisso. Na mulher no quarto no andar de cima que não sabe que em poucos minutos um prato de laranjas cortadas em cubos lhe será oferecido. Sei que não pode ser considerado um presente, para alguns até mesmo pode ser visto como obrigação, mas para mim é um gesto que diz: Tenho sorte de poder ter pessoas para quem eu me importe de descascar laranjas.
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24 de jan. de 2010

Maria Guimarães Sampaio...



Quando vejo esse nome pipocar em meu email, naquela mensagem sempre esperada e as vezes temida indicando um visitante do blog que se importou em deixar um recado, eu sinto vergonha. Ela me pergunta porque não escrevo e sempre lhe dou minhas desculpas validas, mas serão realmente assim tão justificadas?
Amo escrever e não postar não quer dizer que não tenho mantido todas minhas idéias anotadas com cuidado em paginas e mais paginas de Word arquivadas na pasta “Contos”, subpasta “idéias”, mas confesso que pareço fugir do blog como se ele merecesse um recomeço melhor e talvez agora eu o tenha. O meu recomeço.
Há muito tempo tenho estado descontente com certos aspectos de minha rotina que alem de me tirar do sério roubam meu tempo e meu espírito. Em resumo, moro em uma casa enorme que consome minha energia como um aparelho inútil que não pode ser desligado. Chego exausta para me encontrar em meio a mais tarefas a minha espera e quando ligo meu querido notebook já perdi aquela sensação boa que me acompanhou durante o dia, aquela idéia para um conto ou um post. Não que a idéia se perca, mas sim meu espírito para transpô-la para o papel.
Agora posso dizer orgulhosamente a minha querida Maria que meu espírito se eleva a cada passo que dou em direção a meu novo endereço. As idéias parecem mais à mão agora que sei que logo estarei dando vida a elas de minha nova residência.
Sei que ainda tenho um mês duro, o trabalho desgastante, caixas a serem enchidas, detalhes pequenos como se o super chuveiro que ganhei de mano Urso precisará de nova fiação para agüentar seu design espacial, se cada móvel a ser doado será retirado em tempo e se os novos chegarão ou precisarei de almofadas por um tempo, se levarei meus livros antes como tesouros preciosos que são ou confiarei no pessoal da mudança, se as louças de mamãe estarão seguras no baú ou deverei encaixotá-las com mais cuidado. Mas são cuidados felizes, cada um deles me levando mais perto da tranqüilidade e da realização.
Posso dizer também que alem do prazer desta mudança também existe Maria que é um grande farol me guiando neste mundo, pedindo que eu me aproxime e conte como o mar me trouxe até aqui, que monstros marinhos puxaram meu barco para o fundo do mar e como sereias cantaram até que voltasse à superfície, como consegui, sem remo nem leme, chegar à praia que seu farol ilumina. E posso dizer que é fácil, Maria, é só seguir sua voz e lembrar que escrever é meu alimento para a alma.
Obrigada por nunca abandonar esta naufraga, por sempre apontar sua luz em minha direção me lembrando que mesmo que a jornada seja árdua e longa eu tenho alguém que me espera para ouvir minhas historias.
Para Maria aqui vão os nomes dos contos e livros em andamento para que me cobre num futuro próximo a conclusão de cada um deles.

Livros em andamento:
Malibu – Suspense
A Guerra de Joana – Romance
Predador – Policial
A Livraria do Dragão – Aventura
Depois da Escuridão – Aventura
Entre o céu e a Terra – Suspense fantástico
Kaeth – Suspense fantástico
O Cofre – Policial
O templo Esquecido - Suspense


Ideias-Livros:
Contos para crianças incompletas – Infantil
O menino chamado Danielle – Infantil
Manhattan – Romance
Postmortem – Suspense

Contos
O olho - Suspense
OCircular5290A – Suspense
Visões - Suspense
Viagem a cidade sem saída – Suspense fantástico

Obrigada, minha querida, por nunca esquecer, a vida é perfeita quando somos cercados de pessoas com memória e coração como o seu.
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