12 de out. de 2007

Pela porta entreaberta somente uma réstia de luz entrava. Mas não. Algo mais se insinuava por entre as sombras como brisa. O som da melodia a despertou de um sono monótono onde por cobertas tinha suas preocupações e sonhos despedaçados. Não se levantou e nem mesmo abriu os olhos. Deixou que a musica entrasse por seus poros e inundasse seus sentidos. O piano e o violino duelavam com maestria num combate sem sangue nem dor e ela deixou as lagrimas fluírem, deixou que soluços cortassem sua garganta num pranto sem motivo, a não ser o de que sua vida era por vezes dolorosa, por vezes absurdamente cheia de encruzilhadas. A musica não tinha fim e talvez nunca tenha tido um começo. Sua impressão era que o céu se abrira e despejara notas mágicas para curar almas sofridas como a sua. Nesta noite não era preciso se ter olhos, somente ouvidos atentos para as maravilhas que o silencio podia trazer. E ela ouvia. E chorava. As lagrimas se acabaram docemente, lavando os restos de magoas que pensava esquecidas. O sono chegou para um coração mais leve e quando o primeiro raio de sol rasgou o céu ela dormia com um sorriso no rosto e músculos relaxados. A musica desapareceu entre os dedos da noite sem ninguém notar, mas os corações doloridos acordaram esperançosos no novo dia que nasceu.

1 de out. de 2007


Satisfação nem sempre vem por algo que você faz. Ela pode ser fruto do orgulho por se fazer parte de algo que é belo e sólido. É muito bom ser reconhecido por algo que se faz, mas é melhor ainda quando colhemos louros por um trabalho suado em equipe onde cada um olha para o outro e diz “bom trabalho” sem esperar por retorno, com uma admiração pura e sincera. É a primeira vez em minha vida que me sinto assim. É também a primeira vez que recebo tantos elogios sem que saiba se os mereço, mas os recebo com o coração leve e a certeza cada vez me esforçarei mais para merecê-los. É engraçado sentir essa coceguinha gostosa chamada “realização”, achei que fosse mito, ou mentirinha contada para nos ajudar a seguir em frente, mas existe de verdade e me traz um sorriso bobo nesse rosto cansado. Não é estranho esperar a vida toda por algo que deveria ser uma constante em nossas vidas? Não é estranho passar a vida fazendo tudo certo sem nunca alcançar a satisfação necessária para encontrá-la quando desistimos de procurar e nos contentamos com o ordinário? A beleza da vida é que o inesperado está sempre nos espreitando e não importa se deixamos de acreditar em fadas ou não, o que importa é que na próxima curva toda sua vida pode mudar e você nunca estará preparado. Nunca.